terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Então é Natal...





      Amados irmãos e irmãs, “não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de Davi, um Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc 2,10-11). A promessa de um futuro novo de paz e de felicidade para o Povo de Deus se cumpre de modo excelente no nascimento do Menino Deus, o Emanuel, Deus Conosco, Jesus Cristo, nosso Salvador. É esse o grande Mistério que celebramos nesta noite: a Encarnação do Verbo, a iluminação do mundo. “Deus iluminou esta santíssima noite com o esplendor, o brilho de Cristo, verdadeira luz do mundo” (cf. A. Vanhoye). A profecia de Isaías ganha corpo e vida: “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar” (Is 9,1). Num contexto difícil para o povo de Israel, marcado pelas dores das distâncias de suas raízes tendo em vista o fato de estar oprimido sob o jugo dos poderosos, numa condição de exílio, o profeta anuncia a razão de sua esperança “nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho” (Is 9,5). Embora seja esta uma profecia para um contexto próprio (político e religioso), trata-se de uma profecia que se cumpre de modo pleno no nascimento do Messias. A dimensão do filho que nos foi dado nos remete de uma forma muito bela à dimensão do Natal como Dom de Deus para a humanidade. Portanto, em meio às trocas de tantos presentes entre nós, a grande alegria do Natal é reconhecer que o maior e mais sublime presente nos foi dado pelo Pai do Céu, o seu próprio Filho. De fato, nesta noite santa e feliz, o poder das trevas torna-se vulnerável diante do poder da Luz. A luz brilha nas trevas. Brilha nas trevas do sofrimento, nas trevas do pecado e das suas consequências. A luz, que é o Cristo Jesus, veio para instaurar um Reino de Justiça e de Paz. Daí que se torna urgente e necessário vencermos tudo o que é exploração, injustiça, egoísmo, violência e morte. Acolher Jesus é deixar-se vencer pela sua Bondade e pelo seu Amor, eliminando toda maldade erradicada no coração do homem e promovendo o bem e o direito do próximo. Trata-se, pois, de vencer toda manifestação do mal, deixando transparecer por meio da purificação de nosso interior e através de nossas atitudes a figura singela, mas viva e eficaz do Verbo encarnado, do Deus menino. Contemplando o Menino Deus deitado numa manjedoura, um lugar que se utilizava para alimentar os animais, num estábulo, entendemos que esta noite de Natal alimenta em nós uma certeza de fé: Deus feito criança que não encontrou antes um lugar mais adequado para o seu primeiro repouso após o parto em Belém, busca hoje em cada ser humano um colo acolhedor para sua divindade. O lugar propício de acolhida deste Deus criança é o coração humano que ao viver esta grande alegria de ver um Deus que bate à sua porta como uma criança inocente, deve deixar-se tocar por Ele e pelo seu olhar salvífico. O Bom Menino deseja transformar o nosso interior em sua casa, em sua habitação. Disse o evangelista João: “O Verbo fez-se homem, montou a Sua tenda entre nós e nós vimos a Sua glória, glória que vem do Pai...” (Jo 1,14). Assim, onde ainda existe dor, a presença do Menino Deus quer nos acalentar e consolar, além de nos revelar que o próprio Deus é solidário conosco, assumindo-nos e assumindo o nosso jeito limitado de viver. Ele se faz um de nós, um conosco, um entre nós, para nos mostrar que é possível, na medida em que seguimos os seus passos, chegar com Ele à glória dos céus. Onde ainda existe o desespero, a presença do Menino Deus nos faz lembrar que a vida de todo ser humano tem sentido e que recomeçar a cada dia é nascer de novo para a vida em Cristo, cultivando sempre a virtude da esperança. Celebrando o Natal do Senhor, ninguém tem o direito de desistir de si mesmo e da possibilidade de ser transformado no Amor. Deus que é Amor torna possível que todo ser humano acredite no seu valor e se abra à Graça da presença e permanência de Deus em sua vida. Como lembra o Apóstolo Paulo, em sua carta a seu amigo Tito, como manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens, devemos, portanto, aprender a renunciar à impiedade e aos desejos mundanos, para vivermos, no tempo presente, com temperança, justiça e piedade” (cf. Tt 2,11-12). Trata-se de um apelo consistente para que diante de tão grande luz, não sejamos tolos insistindo em permanecer nas trevas. Ele nos interpela, portanto, a nos distanciarmos de todo apego egoísta que impede a sensibilidade diante do próximo e da própria comunidade. É preciso promover a verdadeira Paz porque nasceu para nós o Príncipe da Paz. Ele é o Deus forte que “para escandalizar os poderosos”, se reveste da fraqueza de um recém nascido. O seu poder de salvação não está nas seguranças nas quais o mundo insiste em acreditar, quais sejam, nas armas, no status ou no prazer, mas seu poder de salvação está exatamente no despojamento de si e na humildade daquele que vem para fazer a Vontade do Pai. “Sendo Ele, de condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz (Fl 2,6-8). Aqui nos lembramos especialmente que a Páscoa começa com o Natal. Há uma relação íntima entre o Natal e a Páscoa. Na Páscoa culmina o esvaziamento de Jesus que começou nesta noite santa com sua encarnação. Por isso, o Menino Jesus foi enfaixado por sua Mãe antes de ser colocado na manjedoura (Lc 2,7). As faixas que o envolvem na manjedoura já prenunciam a toalha de linho que o cobrirá na sua morte. Maria acompanha desde este momento a realização do Projeto de Salvação através de seu Filho. Antes o envolve para proteger o recém-nascido. Depois o verá envolvido sem vida, mas com o seu “SIM” vivido plenamente. Ela o acompanha desde o seu nascimento até a sua morte. É a mãe que trouxe ao mundo o Salvador. É a Mãe que se alegra com o seu nascimento e sofre com sua paixão. É a Mãe que inspira a Igreja, a todos nós, a gerar Cristo no mundo, levando-o a todo ser humano. Essa é a mais bela missão da Igreja, ser, a exemplo de Maria, a portadora da Luz, a que dá à Luz o Cristo Salvador e torna possível assim que o mundo inteiro seja liberto das “botas de tropa de assalto e dos trajes manchados de sangue” (cf. Is 9,4), isto é, de toda violência e falta de sentido para a vida. Feliz Natal para todos! «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados» (Lc 2,14)"
                                            Pe. Euder Daniane Canuto Monteiro


Nenhum comentário:

Postar um comentário

SEJA BEM-VINDO, SEU COMENTARIO É UM CARINHO DE DEUS PARA NÓS, E NOS DARA MOTIVAÇÃO PARA CONTINUARMOS COM NOSSA MISSÃO. OBRIGADO POR SEU ELOGIO OU CRITICA. PAZ BEM