O senhor vem ao nosso encontro! Com essa firmeza espiritual iniciamos o tempo do advento.
Modelados pela liturgia da Palavra, nos colocamos nas mãos de Deus, como o barro nas mãos do oleiro ( Cf.Is 64). O barro deixa de ser barro e se torna uma peça artesanal quando permite modelar-se pelas mãos do artista. Caso não haja essa permissão, sua existência fica fragilizada. A modelagem prolonga os seus dias, e lhe dá um lugar mais seguro, uma casa, uma sala ou coisa similar. Esse é o destino do barro que se aventura ser modelo pelo artista. Sua vida, cor, consistência são transformadas. Seu valor é multiplicado, mas continua barro. Ele agora é um ser aperfeiçoado pelo amor que o artista tem pelo seu trabalho.
Esta metáfora nos ajuda a viver bem o período do Advento. Deus é o oleiro e nós somos o barro. Trazemos em nós a possibilidade de sermos modelados, transformados pela Encarnação de Jesus. Ser modelado é uma necessidade constante em nossa vida. As imperfeições não sinalizam nosso fracasso, ao contrário, apontam o quanto podemos crescer. O cristão é como o barro: carrega em si grandes possibilidades, e, para atingi-las faz-se necessário abandonar-se nas mãos do Criador, O artista do universo. Ele é quem dá o acabamento; quem nos ajuda a atingir a meta que trazemos em nosso ser.
Essa é a aventura mística do Advento: sermos melhores a cada dia, com o auxílio da Graça de Deus. Advento é: Tempo de assumirmos nossa possibilidade de crescimento, revendo nossa história, ações, pensamentos, projetos pessoais, ideologias e participação na vida social e eclesial. Uma pergunta pode nos ajudar: o que sou e faço é o que Deus espera de mim?. Reavaliar é sempre fonte de crescimento, modo de atingir a meta.
O Senhor não pode nos encontrar dormindo, desatentos, entretidos com nossas preocupações mesquinhas. Sua chegada deve ser o foco da nossa caminhada eclesial, nossa primeira preocupação: Como você está se preparando para a chegada do Menino-Deus? È comum enfeitarmos as fachadas das casas, montar o presépio, a árvore de natal e colocar uma guirlanda na porta. Aqui sugiro que comecemos a enfeitar a nossa casa de dentro para fora, do interior para o exterior, e, com essa mesma dinâmica adentrar em nosso ser. Nossa casa interior precisa ser modelada e ornada com a luz do perdão, do diálogo, do compromisso com a vida, da partilha, da solidariedade, da amizade, do afeto, dos valores evangélicos e éticos. Que vale arranjos externos, se internamente estamos feios, desarranjados?
Chame sua família e comecem a preparação para o natal a partir da organização da casa interior. Ao redor de mesa façam a seguinte pergunta: enquanto família, o que podemos fazer para que o Senhor não nos encontre dormindo, desatentos, distraídos? Esse é o primeiro passo para sermos modelados e transformados. Que o Senhor não nos encontre dormindo!
Padre Mauro Lúcio Carvalho.
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