Débora Ireno Dias
Ao participar da celebração da
Sexta-feira Santa, diante de todo o ritual que a Igreja Católica nos propõe,
uma frase em especial me chamou a atenção. “Pai, em tuas mãos entrego o meu
espírito”. E, dito isso, Jesus expirou. A luz se foi, as trevas tomaram conta
da Terra. Fez-se silêncio. Antes, no Horto das Oliveiras, Jesus já tinha pedido
ao Pai que lhe afastasse o cálice, mas também que estava ali para fazer a
vontade Daquele que O enviou.
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Pus-me a pensar: estou disposta a
viver a vontade de Deus em minha vida, de forma real e concreta, ou só o digo
da boca para fora e a todo momento peço ao Pai que me afaste o cálice da
tristeza, do medo, da dor?
Temos vivido dias difíceis,
tempos incertos. Seja na vida pessoal, seja na profissional, nossa caminhada
tem-se tornado difícil diante de tantas barreiras e buracos que nos aparecem.
Ou pedras que caem sobre nossas cabeças. Somos levados a pensar que tudo
acabou, que sonhos e conquistas foram derrubados por acontecimentos
inesperados. Sofremos dores, angústias, frustrações e, diante da nossa
humanidade, caímos e deixamos por terra nossa fé. A vontade – ou a única
certeza – é de ficar ali, caído, chorar e deixar ver o que vai acontecer. Mas
não pode ser assim! É necessário levantar-se!
Quando algo ruim acontecer, é
necessário passar pelo sofrimento que está a nossa frente, que se apresenta
naquele momento, cair, chorar, sentir as dores. Mas, o mais importante, é
reerguer-se! Como Jesus no Horto, pedir ao Pai que nos afaste o cálice da dor,
das incertezas, das frustrações. Como Jesus na Cruz, entregar ao Pai o
espírito, as dores, as lágrimas, a tristeza, a desesperança.
Abandonar-se em Deus! Entregar a
Ele tudo e todos que estão ao nosso redor. Viver o momento presente da forma
como ele se apresenta, mas sabendo que Deus está nos acolhendo, segurando
nossas mãos e guiando nossos passos. Dias ruins acontecem para todos, até para
Jesus. Mas Ele ressuscitou! Depois de todo o sofrimento e dor, Ele ressurgiu
glorioso numa bela manhã de domingo. Suas marcas não desapareceram. Ficaram ali
suas chagas para mostrar que o sofrimento é uma cicatriz que levaremos para
sempre em nossa história. Saber conviver com elas é grandeza, é fé.
Abandonar-se em Deus é viver a
dor, mas sabendo que, da mesma forma que Jesus ressuscitou naquele domingo, nós
também podemos ressurgir para uma nova vida a cada dia. Basta ver os sinais de
Ressurreição que Deus coloca em nosso caminho. E não são poucos! Então, abramos
os olhos, abramos o coração e, tal qual criança no colo do pai, abandonemo-nos
nos braços do Pai e preparemo-nos para viver a vida nova, todos os dias!
27 de março de 2016
Páscoa do Senhor Jesus