Homilia da Vigília Pascal, proferida pelo Pe. Euder

“Esta vigília é a mãe de todas as vigílias da Igreja”, diz Santo Agostinho.  Amados irmãos e irmãs, alegrai-vos no Senhor. Repito, alegrai-vos: “O Senhor ressuscitou e nos deu vida nova irrompendo da morte. Aleluia!”. No princípio Deus criou o céu e a terra (Gn 1,1). Hoje, em Jesus Cristo ressuscitado, o céu e a terra, criados no princípio para a glória de Deus, foram recriados e restaurados para esta mesma glória. “Deus viu tudo quanto havia feito, e eis que era tudo muito bom” (Gn 1,31). Mas, na história, o ser humano deixou-se envolver pelo pecado. Daí que o Senhor também se fez história, aceitando ser pregado na cruz e descer à mansão dos mortos para resgatar todas as criaturas, devolvendo-lhes sua dignidade original de uma profunda comunhão e amizade com Deus, seu Criador. Assim como Abraão, nosso pai na fé, aceitou sacrificar Isaac, seu filho único, conforme ouvimos no livro do Gênesis, mas teve a graça de ter visto sua vida poupada chegando mesmo a considerá-lo como um salvo da morte ou um ressuscitado, do mesmo modo nosso Pai, Deus, entrega o Filho à morte ( Rm 8,32; Jo 3,16-17), mas a fim de ressuscitá-lo depois para nossa justificação (Rm 4,25; 6,4; 8,11). Assim, a ressurreição de Jesus Cristo é, para nós, a confirmação da parte do Pai  do valor de toda a vida vivida por Jesus neste mundo. Sua obediência radical, sua confiança e entrega à sua Vontade, sua liberdade e compromisso com a fidelidade ao Pai e ao seu Projeto de salvação para a humanidade são coroados nesta noite santa pela sua ressurreição. É o “SIM” do Pai ao “SIM” do Filho. Amados e amadas de Deus, como o Senhor foi fonte de salvação para o seu povo escolhido, o povo de Israel, libertando-o das trevas da escravidão egípcia, fazendo-os passar a pé enxuto pelo mar vermelho, conduzidos por Moisés (Ex 14,,15 – 15,1), Ele é fonte de salvação também para nós HOJE. Todo aquele que n’Ele acreditar pode cantar, com esperança, que sobre nós nesta noite Ele fez brilhar a sua glória. Sua luz ilumina as nossas trevas, nos aproxima uns dos outros e nos faz também perceber que devemos ser luz neste mundo. Fazendo-nos renascer nas águas do batismo, nos tornou a todos membros do seu povo eleito e, por isso mesmo, renascidos pela graça do Espírito Santo. Citando o profeta Ezequiel, podemos dizer que a proposta de Deus a nós, neste sábado santo, é muito clara: “Eu vos darei um coração novo e porei um espírito novo dentro de vós” (Ez 36, 26). Portanto, deixemo-nos moldar pelo Cristo, nossa luz, de tal modo que, como novas criaturas, não nos afastemos de Sua Sagrada Face e nem permitamos de que de nós se retire o Seu Espírito Santo, por causa de possíveis resistências à ação redentora e libertadora de Nosso Senhor. “Sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com Cristo de maneira a não mais servirmos ao pecado, mas para Deus vivermos. Consideremo-nos, pois, vivos para Deus, em Jesus Cristo” (cf. Rm 6,6.10.11). Enfim, meus irmãos, como nos lembrou o Evangelho proclamado nesta noite santa, se procuramos (como Maria Madalena e Maria, a mãe de Tiago e Salomé) em nossas dores e tristezas dessa vida Jesus de Nazaré que foi crucificado, Ele ressuscitou. Aprendamos o que isso significa. Aquele que foi crucificado, ressuscitou. Aquele que passou pela dor, a superou. Aquele que chegou a ser considerado por muitos um fracassado, venceu de uma vez por todas. Sigamos seu exemplo: carregando nossas cruzes, passando pelas nossas dores, trabalhando neste mundo para em tudo fazer a Vontade do Pai, chegaremos com o Cristo à glória da Ressurreição. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!