quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Morrem os homens, morre a natureza. O que restará?


 
 
Débora Ireno Dias
 

Diante do que temos assistido e lido nos meios de comunicação desde a noite de quinta-feira, 5 de novembro, não paro de me perguntar: até aonde a ganância humana nos levará? A cada cena que vejo de casas, lavouras, vegetação sendo levadas pela onda de lama, vem uma onda de indignação dentro de mim. A cada cena de famílias sem rumo, sem lenço nem documento, chorando por suas vidas que se foram como um barco de papel numa enxurrada, choro junto. E o que falar das crianças e dos idosos: começando a viver a vida já em meio à tragédia ou terminando a vida feliz com suas conquistas, que foram engolidas pela natureza.

E a natureza? Alterada, devastada, destruída, sugada, explorada em nome de um crescimento tecnológico, em nome do desenvolvimento, em nome de alguns que se julgam senhores de tudo em detrimento daqueles que não tem nada. Ao longo da BR040, estamos cansados de ver o quanto a paisagem está sendo, cada vez mais, devastada por empresas que só pensam no lucro. Onde está o reflorestamento? Onde está a tão dita “qualidade de vida” para aqueles que moram no entorno das mineradoras? Onde está quem vai pagar a conta desta tragédia que acometeu a região da cidade de Mariana?

Especialistas já dizem – e fotos na rede social demonstram – que os resíduos não param na região, podem chegar até outras regiões banhadas pelo Rio Doce e seus afluentes. O que acontecerá? Se a lama não for tóxica, como a empresa diz, apenas sujeira e muito trabalho de limpeza. Mas, se for tóxica...

E os moradores de Bento Rodrigues e outros distritos? Durante um tempo a solidariedade humana se faz presente. E depois, daqui a um mês, um ano? O que aconteceu com os moradores de outras localidades onde barragens ruíram? Já conseguiram retomar a vida com toda a tranqüilidade? Os culpados foram punidos? E o que acontecerá aos de Mariana? Casas, roupas, objetos pessoais, documentos, sonhos, lembranças, tudo se perdeu e não será devolvido. Pode-se até ganhar novas casas, indenizações, mas o “humano” muito se perde. Nenhum desenvolvimento tecnológico vale a vida humana.  

Infelizmente, não é a primeira barragem nem será a última que fará tantas vítimas. Enquanto a ganância humana não parar, enquanto não se aprender que a natureza nos oferece a vida e devemos conservá-la, enquanto não aprendermos a desenvolver sem destruir, a cuidar dos dons que Deus nos deu, muitos morrerão. Esta é a verdade!

E que esta indignação que está em mim e em tantos se transforme em ação para uma humanidade mais próspera e que pratique o verdadeiro “desenvolvimento sustentável”.
 

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