Débora Ireno Dias
Diante do que temos assistido e
lido nos meios de comunicação desde a noite de quinta-feira, 5 de novembro, não
paro de me perguntar: até aonde a ganância humana nos levará? A cada cena que
vejo de casas, lavouras, vegetação sendo levadas pela onda de lama, vem uma
onda de indignação dentro de mim. A cada cena de famílias sem rumo, sem lenço
nem documento, chorando por suas vidas que se foram como um barco de papel numa
enxurrada, choro junto. E o que falar das crianças e dos idosos: começando a
viver a vida já em meio à tragédia ou terminando a vida feliz com suas
conquistas, que foram engolidas pela natureza.
E a natureza? Alterada,
devastada, destruída, sugada, explorada em nome de um crescimento tecnológico,
em nome do desenvolvimento, em nome de alguns que se julgam senhores de tudo em
detrimento daqueles que não tem nada. Ao longo da BR040, estamos cansados de
ver o quanto a paisagem está sendo, cada vez mais, devastada por empresas que
só pensam no lucro. Onde está o reflorestamento? Onde está a tão dita
“qualidade de vida” para aqueles que moram no entorno das mineradoras? Onde
está quem vai pagar a conta desta tragédia que acometeu a região da cidade de
Mariana?
Especialistas já dizem – e fotos
na rede social demonstram – que os resíduos não param na região, podem chegar
até outras regiões banhadas pelo Rio Doce e seus afluentes. O que acontecerá?
Se a lama não for tóxica, como a empresa diz, apenas sujeira e muito trabalho
de limpeza. Mas, se for tóxica...
E os moradores de Bento Rodrigues
e outros distritos? Durante um tempo a solidariedade humana se faz presente. E
depois, daqui a um mês, um ano? O que aconteceu com os moradores de outras
localidades onde barragens ruíram? Já conseguiram retomar a vida com toda a
tranqüilidade? Os culpados foram punidos? E o que acontecerá aos de Mariana?
Casas, roupas, objetos pessoais, documentos, sonhos, lembranças, tudo se perdeu
e não será devolvido. Pode-se até ganhar novas casas, indenizações, mas o
“humano” muito se perde. Nenhum desenvolvimento tecnológico vale a vida humana.
Infelizmente, não é a primeira
barragem nem será a última que fará tantas vítimas. Enquanto a ganância humana
não parar, enquanto não se aprender que a natureza nos oferece a vida e devemos
conservá-la, enquanto não aprendermos a desenvolver sem destruir, a cuidar dos
dons que Deus nos deu, muitos morrerão. Esta é a verdade!
E que esta indignação que está em
mim e em tantos se transforme em ação para uma humanidade mais próspera e que
pratique o verdadeiro “desenvolvimento sustentável”.
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