terça-feira, 18 de março de 2014

CARNAVAL DE OUTRORA

Débora Ireno Dias

Dias atrás (engraçado, agora é que me dei conta do quanto começo meus textos falando de algo no passado), uma amiga da velha guarda marcou-me numa atualização no Facebook. Ela falava que, ao participar do Rebanhão (encontro de oração promovido pela Renovação Carismática Católica no Carnaval), em Barbacena, lembrou-se dos amigos e das experiências que vivemos juntos no início da nossa juventude, quando participávamos dos famosos “retiros de Carnaval”.

Esses retiros eram promovidos pela Pastoral da Juventude da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, na década de 90, sob a coordenação do Padre Paulo Dionê – que hoje está em Viçosa. A cada Carnaval, centenas de jovens de 15 a 25 anos iam até uma comunidade da zona rural de Barbacena onde ficavam de sábado até quarta-feira de Cinzas. Dormíamos nas escolas e casas de famílias. Fazíamos as refeições em refeitório improvisado no terreno de algum proprietário. Em meio às chuvas, lama, poeira e emoção, vivíamos quatro dias de orações, missas, via sacra e muita música, esporte e cultura. Padre Paulo sempre nos levava a refletir e debater sobre o tema da Campanha da Fraternidade vigente naquele ano.

Quando me lembro dos retiros, penso que foram um dos momentos mais lindos e complexos da minha vida e da vida de muitos amigos. Com alguns amigos que ali fiz ainda tenho contato. Outros já não sei por onde andam. Muitos que ali se conheceram gostaram tanto de estar perto um do outro que hoje são famílias, uniram-se em matrimônio. Muitos jovens foram resgatados em sua dignidade e retornaram para suas famílias, para a vida social após passarem pelos retiros e continuarem acompanhados por outros jovens já inseridos na Igreja.

Inserção na Igreja: este é o ponto máximo dos retiros. Certamente, a maioria dos jovens que viveram esses momentos e continuaram participando das reuniões e missas da juventude aprendeu a importância de ser Igreja, de estar na Igreja e seguir Jesus Cristo como discípulos. Eu e mais um tanto de amigos somos parte desta geração. Somos sementes plantadas nesses encontros e hoje continuamos plantando novas sementes. Somos “filhos” de Padre Paulo e agradecemos a ele por ter sido corajoso em nos acolher numa época em que a Igreja ainda não nos olhava com os olhos de hoje!

Não temos mais os retiros. Ficaram no passado, na lembrança. Mas vejo outras iniciativas carnavalescas para a juventude que deseja ficar quatro dias mais perto de Deus. Rezo para que esses encontros sejam um início de caminhada e que tenham continuidade ao longo do ano e que mais e mais jovens descubram o quanto é bom seguir Jesus Cristo todos os dias de nossas vidas!

Obrigada, Padre Paulo Dionê Quintão!

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