segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

REFLEXÕES DE PADRE JOSÉ ANTÔNIO ACERCA DA FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA

O texto que segue foi retirado de uma página na rede social do Padre José Antônio e acreditamos que nos ajudará a viver melhor como família: 

Gente amiga; paz e bem! Há pouco tempo postei um texto que falava sobre a questão familiar e a "ditadura da felicidade". Nesta festa da Sagrada Família, que nos lembra que toda família é sagrada, penso que vale a pena (re)ler a reflexão. Se tiver um tempinho, acho que vale a pena. Eis o artigo:


“Meu filho, você não merece nada”



Pe. José Antônio de Oliveira

A premiada escritora e jornalista gaúcha Eliane Brum escreveu um texto muito interessante, que vale a pena partilhar. É sobre a maneira como a nossa geração lida com a questão da felicidade. E, naturalmente, como lida com a dor e a falta. Há algum tempo escrevi sobre este tema: a falta que faz falta. Embora conscientes de que a dor e a falta são ingredientes indispensáveis da vida, poucos conseguem encarar essa realidade. Como dizem: é a “ditadura da felicidade”; ou o “ser feliz a qualquer custo”.

O texto da Eliane toca na ferida de uma forma muito contundente. Lembra que “nossa geração está mais preparada, do ponto de vista das habilidades, mas, ao mesmo tempo, despreparada, porque não sabe lidar com frustrações”. Sabe usar bem da tecnologia, mas não sabe a importância do esforço pessoal, da luta. Conhece todas as potencialidades, mas desconhece a fragilidade da vida. Aprendeu que todos nascemos para ser felizes, mas não foi ensinado que a felicidade é também fruto do esforço, da luta e, muitas vezes, da dor.

É comum ouvir dos pais: “eu quero dar aos meus filhos o que eu não tive”. Muitos se matam para dar tudo aos filhos e evitar que sofram. Pais que super protegem. Quando esses(as) jovens chegam ao mercado de trabalho terão a ilusão de encontrar ali uma continuação de suas casas, onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Como raramente isso irá acontecer, vem a frustração, o desânimo, a sensação de infelicidade.

Muitos desconhecem que a felicidade, como a própria vida, é construção. E que, na maioria das vezes, pra se chegar lá, “é preciso ralar muito”. Terão de aprender com a vida, com as quedas e decepções, aquilo que os pais não ensinaram.

Muito forte a reflexão que a escritora faz em seguida: “Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. Há pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de tudo. E como se angustiam quando não o conseguem! É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites?”

E a visão de muitos é tão deturpada que chegam a pensar que a “genialidade” é mais importante que o esforço. Dizer que alguém é “esforçado é quase uma ofensa”. Ter de lutar, de dar duro parece a marca dos fracos. E junto com isso vem a falsa ideia de que é possível viver sem sofrer, que a dor é uma espécie de “anomalia”, que a felicidade é um direito: eu mereço ser feliz! Mas são poucos os que aprendem a lidar com a dor e as decepções. Desconhecem que ninguém consegue tudo o que quer.

É um peso cruel sobre os ombros dos pais: os filhos têm o direito de ser felizes; e cabe aos pais garantir esse direito. E os pais, tão limitados e frágeis, se sentirão culpados, sofrerão ao perceber que não dão conta do recado. Aí se arma um verdadeiro teatro: os filhos fingem felicidade, se empanturrando de coisas materiais, mais fáceis de alcançar; os pais fingem ser capazes de garantir a felicidade, mesmo sabendo que é uma mentira.

E conclui Eliane: “Os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. (...) Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa”.

Os pais deveriam entender que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”.

PASCOM - Paróquia São Sebastião

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