quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A ALEGRIA DO EVANGELHO

Dom Hélio Adelar Rubert
Arcebispo de Santa Maria (RS)

“A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”. Estas são as palavras com que o papa Francisco começa a sua primeira exortação apostólica, a “Evangelii Gaudium” (A alegria do Evangelho). São quase 300 pontos em que o Papa Francisco desenvolve o tema sobre a nova evangelização para a transmissão da fé.
Nela, o santo padre recolhe os trabalhos do sínodo dedicado à nova evangelização para a transmissão da fé, celebrado de 7 a 28 de outubro de 2012, no Vaticano. É um programa de pontificado, já que o Papa fala da sua visão da Igreja e do mundo, aprofundando em ideias que ele já anunciou durante estes oito meses de pontificado. Francisco exprime o seu "sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se transforme num canal adequado para a evangelização do mundo atual, mais do que para a autopreservação".
No início da exortação, o santo padre faz um chamamento a todos os batizados para levarem aos outros o amor de Jesus "em estado permanente de missão". Para realizar essa tarefa, Francisco convida todos a "recuperar o frescor original do Evangelho", encontrando "novos caminhos" e "métodos criativos". Ele fala até mesmo de "uma conversão do papado", para que seja "mais fiel ao sentido que Jesus Cristo quis lhe dar" e "às necessidades atuais da evangelização". Sobre as conferências episcopais, destaca que elas contribuam para que "o efeito colegial" tenha aplicação "concreta", coisa que ainda "não se realizou plenamente".
Sinal do acolhimento de Deus é “manter os templos de portas abertas em toda a parte”, para que todo aquele que procura não encontre apenas “a frieza das portas fechadas”. Nem “as portas dos sacramentos deveriam se fechar, fosse pela razão que fosse", adverte o santo padre.
Olhando com atenção para os desafios do mundo contemporâneo, o papa critica o sistema econômico atual, definido por ele como “injusto em sua raiz”. “Essa economia mata” porque predomina “a lei do mais forte”. A cultura atual do “descartável” faz com que “os excluídos não sejam explorados, mas descartados, como sobras”. Dessa forma, ele denuncia os “ataques à liberdade religiosa” e às novas situações de perseguição contra os cristãos.
Francisco também fala da importância da família, que "atravessa uma crise cultural profunda", e insiste na "contribuição indispensável do matrimônio à sociedade".
O papa enumera as “tentações dos agentes pastorais”: individualismo, crise de identidade, queda do fervor. Exorta os católicos a "serem sinais de esperança", gerando a "revolução da ternura" para vencer a "mundanidade espiritual". O papa dedica algumas linhas também aos que “se sentem superiores aos outros”, por serem “inquebrantavelmente fiéis a certo estilo católico próprio do passado”, observando ainda que, “em vez de evangelizar", o que eles fazem é "classificar os outros”. E também recorda aqueles que se preocupam com um “cuidado ostentoso da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja, mas sem se preocuparem com uma real inserção do Evangelho” no âmbito das necessidades das pessoas.
Às comunidades eclesiais, ele alerta do perigo de cair em invejas ou ciúmes “dentro do Povo de Deus e nas diversas comunidades". Sublinha a necessidade de fazer crescer a responsabilidade dos leigos. Fala ainda do papel da mulher, afirmando que "é necessário ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja”. Fala dos jovens, que devem ter “um protagonismo maior”.
Esta introdução é um convite para lermos esta maravilhosa Exortação Apostólica.

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