Apresentar-se
Dom José Alberto Moura, CSS
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
Costumamos dizer “amém” no final de alguma prece ou mesmo para mostrar nosso assentimento quando alguém nos faz alguma proposta ou uma verdade por nós aceita. O fato de nos apresentarmos a um chamamento para uma reunião, um evento ou um compromisso revela também nossa conduta afirmativa em relação a esse fato.
Era costume no meio judeu levar uma criança para apresentá-la no templo, consagrando-a a Deus, no caso do primeiro filho homem nascido de um casal. Isso aconteceu com o menino Jesus. Sucede conosco também o mesmo no batismo, fazendo o rito de consagração como entrega a Deus da vida de uma criança ou de um adulto, em base à fé religiosa.
O desafio da fé é justamente o compromisso de fidelidade. Há quem se apresente, oferecendo-se a Deus, numa vida consagrada a seguir o que Ele indica, para nosso próprio bem. Mas, devido às propostas diferenciadas, os limites e entraves pessoais, à fraqueza da fé e outros motivos, começa a voltar atrás na oferta de si. Ao invés de renovar a própria entrega, a pessoa vai tirando de volta o que ofertou a Deus. Às vezes o fingimento de ter fé leva a pessoa e fazer atos religiosos mas não quer seguir os ensinamentos divinos propostos pela comunidade religiosa. Há quem quer religião a seu modo, sem liame com a comunidade de fé, nem com o compromisso pessoal de seguir a ética e a moral, contrariando sua própria fé.
Jesus fala sobre o amor a Deus, que exige o cumprimento de seus mandamentos. S. João Evangelista lembra: ”Quem diz que conhece a Deus, mas não cumpre os seus mandamentos, é mentiroso, e a Verdade não está nele... o amor de Deus se realiza de fato em quem observa a Palavra de Deus” (1 João 2,4.5). Quem quer viver a fé conforme o Mestre não tem medo de se apresentar sempre como seguidor da pessoa dele e de seus ensinamentos. Mais: ensina também aos outros o que Ele indica, conforme a missão dada por Ele.
Depois do ato ou compromisso de fé, caracterizado no batismo, a pessoa vai mostrar sua coerência na fidelidade do seguimento ou discipulado. Não tem vergonha de testemunhar sua escolha de vida. Em todas as realidades, circunstâncias e vocações mostra a que veio com sua fé. Baseada nela, mostra a fidelidade na vida honesta, na promoção do bem do semelhante, no compromisso com a proposta de vida cristã aos outros, no encaminhamento da família conforme os ditames do Evangelho, na ajuda à promoção da justiça e da boa política na sociedade. Não tem medo de se apresentar como pessoa do bem, coerente com a verdade e a luta pela dignidade da vida e da pessoa humana.
O Filho de Deus nos mostra que sua apresentação no templo marca sua presença em nossa história como quem resgata a aliança de amor entre o divino e o humano, na oblação do amor, que faz gerar vida plena para todos.
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