terça-feira, 6 de agosto de 2013

JMJ – mais que uma sigla, um estilo de vida.


Débora Ireno Dias

Hoje já são 5 de agosto. O Papa Francisco veio e já voltou à Itália, a praia de Copacabana já virou palco de outras manifestações e eu continuo aqui me perguntando “o que realmente vivi durante a JMJ?”. A JMJ começou na minha vida há cinco anos, quando a Esther – minha irmã – foi a primeira jovem de Barbacena, via SSVP, a participar do evento. Também através dela começou meu namoro com Marcio que hoje já rendem sete meses de “unidos para sempre”.

Durante esses anos, junto com todos os movimentos de jovens e demais da Igreja Católica, em Barbacena, realizamos alguns eventos em prol da JMJ-Madri 2011 e, agora, a Semana Missionária, quando recebemos nossos irmãos (sim, já são da família barbacenense) russos e chilenas. Junto com os peregrinos, vivemos em Barbacena uma semana memorável, com direito a atividades sociais, culturais, religiosas, muito “chá” e muita música! Aprendemos a nos comunicar através do olhar e muitos gestos, e vimos o quanto Deus age em nós, através do Espírito Santo, permitindo-nos viver um verdadeiro Pentecostes em nossa cidade, independente do lugar onde estávamos – asilo, plantação de rosas, palestras, comércio, missa, adoração ao Santíssimo. Sinto que muitas graças foram derramadas sobre Barbacena não só nessa semana missionária, mas por toda uma geração! Chuva de graça paira sobre nós!

Mas estas graças não ficaram somente na Semana Missionária. Dia 21 de julho, após recebermos a bênção do “envio”, partimos – eu e Padre Euder coordenando uma delegação de 39 jovens da Região Mariana-Sul/Arquidiocese de Mariana – rumo ao nosso destino missionário: Duque de Caxias/RJ, onde ficaríamos durante a JMJ.
Ao chegar, uma surpresa – a primeira de muitas: hospedagem na quadra da Escola de Samba Acadêmicos da Grande Rio. Acampamento montado – leia sacos de dormir abertos –, fomos ao sambódromo buscar os nossos kits, as famosas mochilas. Aí sim, começou o que chamaríamos de “pedagogia da JMJ”: aprender a esperar e treinar a paciência.

Com o tempo, aprendemos também: respeitar o limite do outro; aprender a andar em grupo, ter um plano B, caso o A não seja possível; olhar no olho do outro e buscar aquilo de que ele realmente precisa; escutar; silenciar, quando necessário; falar quando necessário e motivar sempre para não parar de caminhar; reconhecer quando se erra; sorrir, sempre, mesmo que o cansaço e a frustração estejam ao máximo; chorar quando tiver vontade; abraçar; cantar e dançar porque isso também é evangelizar; beber água (quem não voltou desidratado levante a mão!); andar na chuva nem sempre é tão ruim quanto se parece; parar quando sentir necessidade de respirar e continuar a caminhar, sem perder o foco; entender que cada um tem um ritmo diferente, mas todos juntos conseguem chegar ao objetivo, quando caminham juntos; comida é bom, mas não é o essencial para grandes jornadas; dormir no chão e banho frio podem trazer gripe e afins, mas, também, ajudam a pensar na vida que temos e que tantos não têm; carregar a mochila e sentir a coluna doer e pensar que muitas vezes a bagagem que vai no coração pesa mais – e dói –; perceber que sempre há alguém sorrindo para você com delicadeza e que você também pode ser generoso e tantas outras coisas mais que ainda vou demorar para perceber em minha vida pós JMJ. Alguém pode me falar: “mas você precisou ir à JMJ para perceber isso? Nunca tinha vivenciado isso em sua caminhada de fé?” Eu respondo: algumas vezes, a gente precisa se distanciar da nossa casa para perceber o quanto precisamos ainda nos aperfeiçoar como cristãos católicos, como seres humanos. Posso dizer que Deus me levou ao limite, nas mais diversas situações, em uma semana. Posso dizer que desejo ser uma pessoa melhor após vivenciar privações e provações na JMJ.

Para mim, o maior aprendizado: Deus está em tudo, em todos os lugares e sempre providencia o melhor para nós! Mesmo que o melhor não seja tão perceptível aos olhos, Ele nos prepara algo melhor quando nos dispomos a seguir Seu Caminho. Um exemplo: devido ao mal tempo, alguns de nosso grupo tiveram uma piora no estado de saúde. O banho frio – quando tinha água – não era uma opção viável e os voluntários que nos atendiam na quadra não conseguiam resolver o problema, por limitação do local. Falando com alguns amigos da SSVP que estavam no Rio, um casal ligou para outro casal que mora perto da quadra da Grande Rio. Prontamente, Jorge e Rita buscaram alguns dos nossos que estavam já em estado febril, ofereceram pão, café, canja, banho quente e um bom papo regado à moda de viola e evangelização. Detalhe: esse casal é evangélico e acompanhava tudo da JMJ via Canção Nova! Preciso dizer algo mais?

Ah, sim, preciso! O encontro com o Papa Francisco! Por duas vezes, pude vê-lo “olho no olho”, recebendo a sua bênção, o seu sorriso. O que um homem simples tem de tão grande para movimentar tantos ao seu redor? “Ele tem Deus no coração”, dizia Padre Euder. Sim, Papa Francisco tem Deus no coração como poucos O tiveram e têm. E nos transmite isso através de suas palavras amigas, fáceis de compreender e nem tão simples de se viver.
 
E como viver a partir de agora? O mundo não mudou! Minha casa, meu marido, minha família, meu local de trabalho, minha comunidade... Tudo como antes. Mas eu sinto que mudei! Vivi, ri,chorei, venci, sofri, lamentei, olhei, observei, aprendi. E só a fé é que me ajudará e ajudará a qualquer jovem que esteve na JMJ a vencer suas provações e privações no dia a dia. Como dizia Papa Francisco “o cristão tem que estar preparado, em constante treinamento, como um jogador de futebol que pode ser chamado a qualquer hora para defender seu time; assim também temos que ser preparados para a qualquer hora defendermos Cristo, evangelizarmos, com fé, carinho, amor”.

A verdadeira jornada só está começando!

PS – Dedico a todos os 39 que conviveram comigo por uma semana, me ajudando a ser uma pessoa melhor. Deus abençoe esta nova jornada de cada um! Eu não quis postar aqui relato do dia a dia da nossa delegação, pois isso já está na rede social. Eu quis mostrar algo além do que se viu nas mídias, algo que só o coração de cada jovem JMJ pode mostrar. E você que foi à JMJ, o que viveu? E como viverá a partir de agora?


PASCOM - Paróquia São Sebastião

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