Débora Ireno Dias
Hoje já são 5 de
agosto. O Papa Francisco veio e já voltou à Itália, a praia de Copacabana já
virou palco de outras manifestações e eu continuo aqui me perguntando “o que
realmente vivi durante a JMJ?”. A JMJ começou na minha vida há cinco anos,
quando a Esther – minha irmã – foi a primeira jovem de Barbacena, via SSVP, a
participar do evento. Também através dela começou meu namoro com Marcio que
hoje já rendem sete meses de “unidos para sempre”.
Durante esses anos,
junto com todos os movimentos de jovens e demais da Igreja Católica, em
Barbacena, realizamos alguns eventos em prol da JMJ-Madri 2011 e, agora, a
Semana Missionária, quando recebemos nossos irmãos (sim, já são da família
barbacenense) russos e chilenas. Junto com os peregrinos, vivemos em Barbacena
uma semana memorável, com direito a atividades sociais, culturais, religiosas,
muito “chá” e muita música! Aprendemos a nos comunicar através do olhar e
muitos gestos, e vimos o quanto Deus age em nós, através do Espírito Santo,
permitindo-nos viver um verdadeiro Pentecostes em nossa cidade, independente do
lugar onde estávamos – asilo, plantação de rosas, palestras, comércio, missa,
adoração ao Santíssimo. Sinto que muitas graças foram derramadas sobre
Barbacena não só nessa semana missionária, mas por toda uma geração! Chuva de
graça paira sobre nós!
Mas estas graças não
ficaram somente na Semana Missionária. Dia 21 de julho, após recebermos a
bênção do “envio”, partimos – eu e Padre Euder coordenando uma delegação de 39
jovens da Região Mariana-Sul/Arquidiocese de Mariana – rumo ao nosso destino
missionário: Duque de Caxias/RJ, onde ficaríamos durante a JMJ.
Ao chegar, uma surpresa
– a primeira de muitas: hospedagem na quadra da Escola de Samba Acadêmicos da
Grande Rio. Acampamento montado – leia sacos de dormir abertos –, fomos ao
sambódromo buscar os nossos kits, as famosas mochilas. Aí sim, começou o que
chamaríamos de “pedagogia da JMJ”: aprender a esperar e treinar a paciência.
Com o tempo, aprendemos
também: respeitar o limite do outro; aprender a andar em grupo, ter um plano B,
caso o A não seja possível; olhar no olho do outro e buscar aquilo de que ele
realmente precisa; escutar; silenciar, quando necessário; falar quando necessário
e motivar sempre para não parar de caminhar; reconhecer quando se erra; sorrir,
sempre, mesmo que o cansaço e a frustração estejam ao máximo; chorar quando
tiver vontade; abraçar; cantar e dançar porque isso também é evangelizar; beber
água (quem não voltou desidratado levante a mão!); andar na chuva nem sempre é
tão ruim quanto se parece; parar quando sentir necessidade de respirar e
continuar a caminhar, sem perder o foco; entender que cada um tem um ritmo
diferente, mas todos juntos conseguem chegar ao objetivo, quando caminham
juntos; comida é bom, mas não é o essencial para grandes jornadas; dormir no
chão e banho frio podem trazer gripe e afins, mas, também, ajudam a pensar na
vida que temos e que tantos não têm; carregar a mochila e sentir a coluna doer
e pensar que muitas vezes a bagagem que vai no coração pesa mais – e dói –;
perceber que sempre há alguém sorrindo para você com delicadeza e que você
também pode ser generoso e tantas outras coisas mais que ainda vou demorar para
perceber em minha vida pós JMJ. Alguém pode me falar: “mas você precisou ir à
JMJ para perceber isso? Nunca tinha vivenciado isso em sua caminhada de fé?” Eu
respondo: algumas vezes, a gente precisa se distanciar da nossa casa para
perceber o quanto precisamos ainda nos aperfeiçoar como cristãos católicos,
como seres humanos. Posso dizer que Deus me levou ao limite, nas mais diversas
situações, em uma semana. Posso dizer que desejo ser uma pessoa melhor após
vivenciar privações e provações na JMJ.
Para mim, o maior
aprendizado: Deus está em tudo, em todos os lugares e sempre providencia o
melhor para nós! Mesmo que o melhor não seja tão perceptível aos olhos, Ele nos
prepara algo melhor quando nos dispomos a seguir Seu Caminho. Um exemplo:
devido ao mal tempo, alguns de nosso grupo tiveram uma piora no estado de
saúde. O banho frio – quando tinha água – não era uma opção viável e os
voluntários que nos atendiam na quadra não conseguiam resolver o problema, por
limitação do local. Falando com alguns amigos da SSVP que estavam no Rio, um
casal ligou para outro casal que mora perto da quadra da Grande Rio.
Prontamente, Jorge e Rita buscaram alguns dos nossos que estavam já em estado
febril, ofereceram pão, café, canja, banho quente e um bom papo regado à moda
de viola e evangelização. Detalhe: esse casal é evangélico e acompanhava tudo
da JMJ via Canção Nova! Preciso dizer algo mais?
Ah, sim, preciso! O
encontro com o Papa Francisco! Por duas vezes, pude vê-lo “olho no olho”,
recebendo a sua bênção, o seu sorriso. O que um homem simples tem de tão grande
para movimentar tantos ao seu redor? “Ele tem Deus no coração”, dizia Padre
Euder. Sim, Papa Francisco tem Deus no coração como poucos O tiveram e têm. E
nos transmite isso através de suas palavras amigas, fáceis de compreender e nem
tão simples de se viver.
E como viver a partir
de agora? O mundo não mudou! Minha casa, meu marido, minha família, meu local
de trabalho, minha comunidade... Tudo como antes. Mas eu sinto que mudei! Vivi,
ri,chorei, venci, sofri, lamentei, olhei, observei, aprendi. E só a fé é que me
ajudará e ajudará a qualquer jovem que esteve na JMJ a vencer suas provações e
privações no dia a dia. Como dizia Papa Francisco “o cristão tem que estar
preparado, em constante treinamento, como um jogador de futebol que pode ser
chamado a qualquer hora para defender seu time; assim também temos que ser
preparados para a qualquer hora defendermos Cristo, evangelizarmos, com fé,
carinho, amor”.
A verdadeira jornada só
está começando!
PS – Dedico a todos os
39 que conviveram comigo por uma semana, me ajudando a ser uma pessoa melhor.
Deus abençoe esta nova jornada de cada um! Eu não quis postar aqui relato do
dia a dia da nossa delegação, pois isso já está na rede social. Eu quis mostrar
algo além do que se viu nas mídias, algo que só o coração de cada jovem JMJ
pode mostrar. E você que foi à JMJ, o que viveu? E como viverá a partir de
agora?
PASCOM - Paróquia São Sebastião
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