A
Palavra de Deus e os seus diversos significados
Setembro: Mês da
Bíblia, mês da Palavra de Deus. É costume, e pode até de certo modo tornar-se risco
em nosso ambiente católico, passarmos tal período proposto pela Igreja sem nos
questionarmos sobre o real valor e importância que damos e devemos dar em nossa
vida de fé à Palavra Divina que se encarnou e veio morar no meio de nós (cf. Jo 1, 14). Para isso é necessário nos perguntarmos
qual, o(s) sentido(s) existente(s) para aquilo que conhecemos e nomeamos como Palavra de Deus.
Nesta empreitada, muito
nos ilumina o Concílio Vaticano II com a sua Constituição Dogmática Dei Verbum, que versa sobre a Revelação Divina. Ajuda-nos também a reflexão
do Cardeal Martini, que nos propõe cinco níveis de compreensão do termo Palavra de Deus, a saber:
1) A
Palavra de Deus é o próprio Deus que
se autocomunica conosco. Designa a ação própria e autônoma de Deus se autocomunicar
para formar comunhão de vida com a humanidade. Deus se autocomunica conosco
para que nós o conheçamos – ainda que de forma limitada, por causa do limite de
nossa razão em virtude de Sua grandeza – e nunca estejamos sós.
2) A
Palavra de Deus é Jesus Cristo, o coroamento, a plenitude, a excelência
da Revelação de Deus. No rosto, gestos, atitudes visíveis de Jesus,
contemplamos a face misericordiosa, invisível de Deus Pai (Cl 1, 15). Nos
dizeres de São João da Cruz, “Cristo é a Palavra definitiva e final de Deus ao
homem”. Em outra linguagem, Jesus é “a Palavra que resume todas as palavras”; é
o “grande e decisivo acontecimento da
salvação”. Antes Dele, depois Dele e fora Dele não há outra comunicação/revelação
de Deus ao ser humano.
3) A
Palavra de Deus é a Tradição viva da
Igreja. Enquanto “casa da Palavra”, a Igreja torna-se, em todos os tempos,
serva, guardiã, mãe, anunciadora e transmissora da fé em Jesus Cristo por meio
da vivência, ensinamento e propagação da herança e do tesouro espiritual
recebido dos apóstolos. Tudo isso a fim de contribuir “[...] para a santidade
de vida do povo de Deus e para o aumento da fé”. (DV 8)
4) A
Palavra de Deus é a Palavra escrita na
Bíblia Sagrada, isto é, a Palavra Inspirada e de autoria divino-humana na
qual contém escritos alguns aspectos da identidade e norma de fé das
experiências vividas pelo Povo de Deus. Em sua unidade (Antigo e Novo
Testamento), a Bíblia – Palavra
librificada – deve ser lida e interpretada à luz da fé, sob a ação do Espírito
Santo. E “somente com o ‘nós’, isto é, nesta comunhão com o Povo de Deus, que podemos
realmente entrar no núcleo da verdade que o próprio Deus quer dizer”. (Bento
XVI, Verbum Domini, § 30).
5) A
Palavra de Deus é a Palavra anunciada e
celebrada na Liturgia da Igreja. Reunida e congregada como Povo de Deus em
torno do Cordeiro, a Igreja vive, escuta, anuncia e celebra a sua fé mediante
os sacramentos. Desta forma, efetivamente, por
meio da e na sagrada liturgia, “Deus fala ao seu povo, e Cristo continua a
anunciar o Evangelho. Por outro lado, o povo lhe responde com o canto e a
oração”. (SC 33).
Vivamos, pois, com alegria e esperança
este tempo de intimidade com o Senhor, sensíveis aos sentidos e clamores de Sua
Palavra que nos interpela e chama, incansavelmente, ao longo do cotidiano da
nossa missão e vida de fé, a não nos
esquecermos de ir a todos os povos para proclamar-lhes a nova justiça do Reino
de Deus!
reprodução Internet |
Seminarista Daniel Júnior dos
Santos
1º ano de Teologia – Arquidiocese
de Mariana
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