SEMANA NACIONAL DA FAMÍLIA NA PARÓQUIA TEM ENCERRAMENTO COM PALESTRA E CALDO

Na noite de sexta, 14, a Família Paroquial de São Sebastião acolheu Padre Mauro Lúcio Carvalho, que celebrou a Santa Missa e, em seguida, ministrou palestra com o tema "Desafios na educação dos filhos nos dias de hoje". 

Padre Mauro iniciou dizendo a alegria de retornar à Paróquia depois de algum tempo distante, não por falta de convites, mas por estar ocupado entre os estudos em Belo Horizonte e o trabalho pastoral na Paróquia São Sebastião, em Ponte Nova. 

Dentro do tema da palestra, Padre Mauro argumentou se há razões para se falar em desafios e se os desafios existem somente na educação dos filhos. 

"Os desafios estão por toda a parte, não só na família, todos os setores da sociedade experimentam estas dificuldades que não são só do nosso tempo. Cada tempo tem as suas próprias dificuldades, desafios e alegrias. Crescemos mais nos momentos de desafios. Quando somo instigados, crescemos. Cada tempo histórico tem seu desafio próprio. Não conseguimos viver sem os desafios. O nosso problema hoje, talvez, seja uma espécie de saudosismo: querer criar o filho do século XXI como no século XX. Não se pode criar assim, pois há coisas que mudam e outras que são essenciais e não mudam. Os tempos são outros e os estímulos que são dados às crianças é que as fazem se desenvolver. Não tem como se criar um filho hoje sem a Internet, celular e tantos outros ítens. O que precisa é criar uma consciência junto à criança do uso adequado dessas tecnologias e estímulos. Saber dizer não na hora certa e explicar o porquê deste não. Saber dizer sim na hora certa. Não podemos educar nos moldes do passado. 

Os casais muitas vezes se preparam para o casamento e a nova vida, mas não se preparam para educar, não sentam para conversar sobre a forma como irão educar o filho que está a caminho, de que forma irão se relacionar com as crianças, o que deverá ser ensinado. Os dois primeiros anos de vida de uma criança - e isso é científico - são determinantes para a formação do caráter. Corrija, ensine, converse o que se precisa nesse tempo de formação. Educar desde pequeno e saber equilibrar a ternura e a firmeza. Não ameaçar e saber manter sua palavra, mesmo que se arrependa mais tarde. E, se arrepender, repensar nas palavras antes de se falar algo com o filho. 

A criança não nasce difícil. O cantor não nasce cantor, o motorista não nasce dirigindo. Nós aprendemos a ser o que somos e aprendemos primeiro com os nosso pais. O ambiente onde está a criança, o que ela está observando, aprendendo, é determinante para o seu comportamento. Lógico que, em alguns casos, alguns comportamentos já são preexistentes, já se nasce com alguma predisposição para um comportamento mais difícil, mas o que se vê nos pais, no ambiente em que se vive, a criança aprende e assimila.

Hoje os pais trabalham muito. São pais ausentes e o que fazem para preencher o vazio? Enchem os filhos de coisas e de "aulas". As crianças vivem com agendas cheias. Não se tem mais tempo nem para a catequese. Compensação! As crianças estão cheias de coisas, tornam-se adolescentes consumistas. Aprendem que não se pode "perder", que podem ter e ser tudo, não aprendem a lidar com a frustração. A frustração nos faz "gente" quando bem trabalhada. Faça seu filho entender as diferenças. Dê amor ao seu filho. O que nos torna gente é o amor. Para ser pai e mãe, tem que ter tempo. Temos que recuperar o tempo da família, pois as mesma precisa ficar sozinha, estar um tempo juntos para brincar, conversar, divertir-se, construir os brinquedos, sentar ao chão. 

Outro desafio: pai não é amigo do filho, mãe não é amiga da filha. Filho não quer amigo, isso ele tem na escola, na rua, nos grupos. Filho quer pai! Cada um no seu papel. Pai é sempre pai, filho é sempre filho!

Outra questão é a espiritualidade: nossas crianças precisam aprender sobre os valores cristãos em casa, já irem ao catecismo ao menos saber rezar o Pai Nosso e a Ave Maria. Isso se aprende junto aos pais. Os pais não dão conta de ser pais e na escola os professores acabam por ter que fazer o papel da família. Os pais são a Igreja Doméstica!

É necessário deixar a criança fazer algo próprio para sua idade quanto às tarefas domésticas e no cuidado com seus objetos: arrumar a cama, amarrar o cadarço, levar a mochila, prepara a mochila para a aula. Aprende-se, assim, a ser responsável, e bondade demais por parte dos pais - que fazem tudo pelos filhos - pode estragar a criança. 

É preciso conjugar o estudo com as atividades recreativas. No quesito disciplina, ter horário para tudo: estudo, brincadeiras, descanso, alimentação. Ter lugar certo para as refeições. 

É desafiador educar os filhos. É desafiador para os filhos ter pais ausentes e muito ocupados. Ninguém toma o lugar e dá aquilo que é próprio do pai e da mãe fazer pelo filho. Mesmo que você tenha feito tudo a seu alcance e seu filho não tenha assimilado seus ensinamentos, ame seu filho incondicionalmente. Dialogue, escute seu filho sem impor a sua vontade. E, finalmente, que o casal dialogue e reze junto para se saiba conduzir a educação dos filhos sob as bênçãos de Deus." 

Ao final, Armando, da Pastoral Familiar, agradeceu a todos pela presença e ao Padre Mauro pela sua disponibilidade, presenteando-o em nome da Paróquia. Por sua vez, Padre Mauro agradeceu a atenção e o carinho, e ao Cônego Tarcísio, pelo convite e acolhida. Após, todos se serviram de um caldo, oferecido pela Pastoral Familiar.

 

 Débora Ireno Dias