A indústria da carne e seu impacto na saúde,
no meio ambiente e... no nosso bom senso
A Organização Mundial da Saúde (OMS)
acaba de publicar um estudo em que indica que a carne processada
(salsichas, linguiças, hambúrguer, presunto…) aumenta o risco de
desenvolver câncer. O estudo coloca esse tipo de alimentos na mesma
categoria do tabaco, do álcool e da poluição do ar.
A notícia, é claro, deu a volta ao mundo e muita gente se pergunta
por que a OMS apareceu agora com este relatório: o que há por trás da
tentativa de nos “proibir” de comer linguiça?
Não é bom virar os olhos diante de uma recomendação como esta. Mas é o
caso de perguntar-nos o que mudou na carne processada para que ela seja
agora considerada potencialmente cancerígena.
Não há nada de novo
Em 2013, a revista BMC Medicine publicou um estudo em que analisava a
dieta de meio milhão de indivíduos. Em suas conclusões, a pesquisa
informou que alimentos como bacon, salame, salsichas e, em geral, os
processados industriais de carne, como hambúrguer, almôndegas e lasanhas
pré-cozidas, por exemplo, estão associados a um risco maior de doenças
cardiovasculares e câncer. Outros estudos revelam as quantidades de
nitrito e nitrato que pode haver nas carnes processadas: estes dois
elementos, utilizados na conservação das carnes, foram relacionados com
casos de câncer tanto em animais (em laboratório) quanto em humanos.
O consumo exagerado
O grave problema que deve ser reconhecido a partir do estudo da OMS é
o exagerado aumento do consumo de carne nos últimos anos, afetando não
só a saúde das pessoas, mas também a do meio ambiente. A contaminação
gerada pela indústria pecuária é semelhante à produzida pelo tráfego de
veículos.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) já advertiu
que, entre as mudanças necessárias para garantir um futuro mais seguro,
é prioritário mudar os hábitos alimentares aumentando o consumo de
vegetais, melhorando as práticas agrícolas e a gestão da água e
diminuindo o consumo de carne e derivados lácteos.
A virtude da temperança
Os estudos demonstram, mais uma vez, a importância de uma das grandes
virtudes cristãs: a temperança: “moderar a atração dos prazeres e
procurar o equilíbrio no uso dos bens criados”.
A encíclica Laudato Si’, do papa Francisco, alerta que “o enorme
consumo de alguns países ricos tem repercussões nos lugares mais pobres
da Terra, especialmente na África, onde o aumento da temperatura, unido à
seca, provoca estragos no rendimento dos cultivos”.
A avidez do consumo leva a uma “produção de carne” inconsequente. O
problema é também moral, já que nasce da perda do domínio da nossa
vontade sobre os nossos instintos e ganâncias.
Por que não vamos à raiz do problema? Moderação e temperança é uma
solução que nunca “sai de moda” no desfile de problemas da humanidade.
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