Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Não gostamos de falar sobre morte e sepultura. De fato, nosso desejo e nossa destinação final são para a vida perene e cheia de felicidade. Sozinhos, esbarramos em nossos limites e não conseguimos livrar-nos do sepultamento. A fé não pode ser ilusão de ressurreição, vista a de Jesus, que, também nos promete o mesmo para nós. Mas, antes de morrermos fisicamente, é preciso saber viver para termos condição de sair da sepultura. Nosso modo de viver na terra vai nos encaminhar para o futuro eterno com vida transformada. O profeta Ezequiel fala do poder divino, que nos tira do enterro da vida sem sentido, para construirmos a história realizadora, seguindo o projeto de Deus (Cf. Ezequiel 37, 12-14).
Há quem tem tudo o que quer na ordem material, física, social e de bem estar psicológico. Mas pode viver com se estivesse na sepultura do próprio egoísmo, ou vivendo segundo a carne, no dizer de Paulo (Cf. Romanos 8,8-11). Desta forma, não olha se não para os interesses pessoais. Não coopera com a promoção da vida e da dignidade do semelhante. Pensa viver eternamente na terra, não acumulando tentos para a vida imorredoura. Junta bens materiais e até intelectuais e de projeção social, mas não dá de si pela construção de um mundo mais justo e fraterno. Há quem explora o semelhante e ganha com o tráfico de pessoas, com a política de malversação do dinheiro dos impostos do povo para fins pessoais e de seus grupos, lesando principalmente os menos favorecidos.
Sozinhos não somos capazes de sair de nossos vícios, orgulho, costumes contrários à vida de justiça e de amor. Deixar-se tocar por Deus é de fundamental importância. Ele nos tira de nossos sepulcros. A Quaresma bem vivida nos leva à mudança de vida para caminharmos ressuscitados com o Filho de Deus. Repensamos nossos hábitos para superarmos nossos instintos mesquinhos e danosos para a convivência fraterna com o semelhante. Nós mesmos somos os mais favorecidos. Encontramos a alegria de nos libertar-nos da terra que nos cobre em nossas sepulturas frias e de vida sem sentido. Jesus nos mostra que ganhamos a vida quando damos de nós pelo bem do semelhante. Precisamos de nos unir a causas de superação de tantas mortes, não só no aspecto físico, como também nas mortes de ideal, de famílias desestruturadas com a falta de relação com verdadeiro amor entre seus membros, de promoção de políticas de verdadeiro serviço de inclusão social, de eleições feitas com autêntico espírito de serviço ao bem comum...
Na ressurreição do amigo Lázaro Jesus mostra de que Ele é capaz (Cf, João 11, 38-45). Promete-nos mais do que esse milagre. A ressurreição depois de nossa morte física é a coroação de tudo o que acontece em nossa vida presente. Por isso, somos convidados por Ele a realizarmos já, no momento dessa história, o que Ele realizou e nos indicou como fundamental para ganharmos a vida plena. Afinal, Ele nos deu a vida e superou a sepultura. Com Ele também fazemos o mesmo com nossa vida!
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