Sendo o sacramento do Batismo, segundo Santo Agostinho, um “sinal visível da graça invisível de Deus”, por que Jesus foi batizado? Biblicamente, encontramos alguns fundamentos que nos servem como respostas e dão sentido à festa litúrgica do Batismo do Senhor que viveremos, com toda a Igreja, na próxima segunda-feira, tais como, dentre outros, as palavras proféticas de Isaías que revelam, após o Batismo, a missão de Jesus – espalhar a verdadeira fé, a boa-nova pelo poder do Espírito Santo (C.f Is 42, 1) – ou as palavras de João Batista: “se vim batizar em água é para que ele [Jesus] se torne conhecido em Israel” (Jo 1, 31). Tudo, portanto, parece começar com o Batismo. E, de fato, começa.
Sabemos que o início da passagem de Jesus pela terra se deu na gruta de Belém – como meditamos, há duas semanas, na Festa do Natal (C.f Lc 2, 1-14). Entretanto, o início de seu ministério apostólico [de sua vida pública, isto é, da realização dos seus milagres (C.f Lc 18, 31-43; Mc 2, 1-12), da sua posição terna diante dos agonizados e oprimidos (C.f Mc 1, 40-42; Lc 7, 37-50) etc] foi marcado pelo mergulho nas águas do Jordão, presenciado por João Batista [o batizador]. Naquele momento, houve a plenificação da Trindade: o Espírito Santo confirmara o amor do Pai confiado ao Filho – “Tu és o meu filho amado; em ti ponho a minha afeição” (Mc 1, 10-11), razão da sua vinda à terra – (C.f Jo 3, 16-17). E a partir de então, se cumpre a proclamação de João Batista: “depois de mim vem outro mais poderoso do que eu, ante o qual não sou digno de me prostrar para desatar a correia de sua sandália. Eu vos batizei com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo” (Mc 1, 7-8).
Sendo assim, assegurados pela Tradição da Igreja e pela Liturgia da Palavra desta festa somos convidados ao final de mais este tempo litúrgico natalino a recordar o dia em que fomos batizados (aliás, você se recorda do seu?), bem como o sentido que o Sacramento do Batismo imprime na vida de cada cristão. O Catecismo da Igreja Católica nos diz, de forma simples, que “o santo Batismo é o fundamento de toda a vida cristã, a porta da vida no Espírito (‘ianua vitae spiritualis’) e a porta que abre acesso aos demais sacramentos. Pelo Batismo [...] como filhos de Deus, tornamo-nos membros de Cristo, somos incorporados à Igreja e feitos participantes de sua missão [...]” (CIC § 1213).
Entendendo, pois, o ir ao encontro de todos, sobretudo dos afastados (C.f Jo 10, 15-16) como missão evangelizadora e salvífica da Igreja (C.f Mt 28, 19-20), talvez não nos seja muito difícil exercer a nossa missão de batizados, nos tempos atuais.
Com certa facilidade, citamos casos isolados de pessoas que sofrem – seja por doenças físico-psíquicas, fome ou algo parecido – e em virtude de tais sofrimentos afastam-se da vida eclesial. O problema é que quase sempre as pessoas e os seus respectivos casos de sofrimento citados por nós estão longe da nossa realidade. E se chegássemos, porém, à conclusão de que casos assim acontecem, também, perto de nós e, consequentemente, descruzássemos os braços e agíssemos concretamente tentando reverter – ao menos em partes – tais situações?
Não mudaríamos o mundo, é claro; e, por assim dizer, talvez seríamos motivo de algumas críticas e jargões sem fundamento, tais como, “não precisa ser batizado para ser bom” ou “... fez para aparecer, mas não adiantou quase nada”. Mas, afinal, queremos ser “reconhecidos” por mudar o mundo – assim como os hipócritas relatados por Mateus (C.f Mt 6, 2) – ou ser solidários apenas pelo ato “cristão” de fazer o bem (C.f Mt 6, 3-4)? A nossa tarefa está lançada, pautada na orientação que recebemos da Igreja desde o dia do nosso Batismo: ser autênticos seguidores de Jesus Cristo, vivendo atentos às necessidades alheias (C.f DA, §349, p. 162).
Portanto, pais, acolham como orientação para a vida (e não como uma simples obrigação) o que a Igreja vos pede (C.f Cân. 867 § 1): tenham o cuidado de levarem seus filhos ao Batismo o mais rápido possível após o seu nascimento. Igualmente, dizemos aos jovens ou adultos que, porventura, ainda não foram batizados, e, de livre e espontânea vontade, desejam ser (C.f Cân. 865 § 1) a fim de que tenhamos, sempre, o cuidado de fazer da nossa vida cristã um instrumento por meio do qual tornemo-nos, de fato, filhos de Deus e herdeiros do céu.
Seminarista Rodrigo Artur
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