Débora Ireno Dias
Sempre nos deparamos com avisos
sobre desaparecidos, seja nas redes sociais, seja na imprensa. Fico olhando a
fisionomia para ver se “já vi” tal pessoa desenhada ou retratada. Fico
imaginando a dor e a angústia dos que perderam um ente, sem ter notícias há
dias ou meses. Anos até! Fico imaginando a angústia dos perdidos!
Um senhor dos seus 80 para mais
apareceu na rua de meus pais. Os vizinhos logo se prontificaram em ajudar
porque perceberam que algo não estava certo. Sem lenço nem documento, só falava
seu primeiro nome. Vi a cena e pensei que poderia ser com qualquer um dos
nossos que já se encontram em idade avançada. Após algumas horas, o serviço de
Assistência Social da prefeitura o recolheu e, devido às fotos que postei na
rede social, alguém o reconheceu e ele foi reintegrado à família. Final feliz!
Ficamos felizes! (Obrigada a todos que compartilharam as fotos.)
Após o acontecido, deparei-me com
a notícia de um jovem que se retirou da cidade e se despediu da vida. E aí vem
outra notícia, de um jovem que há muito era empresário, mas que hoje perambula
pelas ruas (sobre)vivendo da ajuda alheia e do seu próprio vício.
Três situações extremas,
diferentes, mas com algo em comum: por algum motivo, perderam sua identidade. O
senhor não se reconhece, não se lembra, não fala coisa com coisa sobre seu
passado, que certamente já se perdeu nas memórias. Um jovem que, por algum
motivo alheio a nós, não mais se reconheceu como família, como amigo, como
profissional, perdeu-se em meio a dúvidas e incertezas, perdeu-se no medo. O
outro jovem ainda sorri, mas sua alegria já se perdeu no tempo, quando ainda
conseguia viver e ser um alguém que não dependia de seu vício.
O primeiro conseguiu ser ajudado. Através do olhar atento de alguns, outros o reconheceram e o levaram de volta para sua vida. O segundo e o terceiro não sei. A exemplo dos três, o que percebo são muitos jovens de nossa cidade, comunidade, vizinhança perambulando por aí, sem se saber, sem saber ser, sem falar coisa com coisa, sem alguém que os olhe, que os direcione para um bom caminho, que os acolha.
É mais que necessário, é urgente
que haja alguma ação de nossa parte, da sociedade como um todo, a começar pela
própria família – principalmente por ela – para que não tenhamos mais jovens
perambulando, perdendo-se no tempo e no espaço, não mais se reconhecendo,
perdendo seus sonhos, angustiando-se nos medos, fazendo medo!
Entristece-me ver jovens
conhecidos tornando-se desconhecidos de si mesmos! Quem os olhará? Quem os
acolherá?
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