O mundo todo está atônito frente às
múltiplas manifestações prós e contras relativas ao que aconteceu na
França nas últimas semanas. Jornalistas foram mortos por fanáticos que
se dizem ofendidos na honra religiosa de Maomé, o profeta que criou o
Islã e que propugnou o islamismo na terra. Fizeram-no sem autorização do
próprio Islã que, em sua origem, não prega a pena de morte para
ninguém. Não se mata em nome de Deus ou de religião alguma. Isto vale
para qualquer credo ou para todo pensamento sadio em matéria do
espiritual ou do humano. Em contrapartida, do presidente aos grupos
radicais contra a presença dos muçulmanos na França, hoje mais de 6
milhões_ maioria pobre e indefesa_, a ofensiva é sem medidas para
aquelas comunidades migrantes, pobres e marginalizadas, por não serem
francesas, por não cultuarem o pensamento ocidental de dominação e por
não terem o mesmo aparato de Estado de defesa.
Sabiamente, o papa Francisco disse
corajosamente: “ Não se use o nome de Deus para matar e nem a liberdade
de expressão para ofender”. Isso não é relativizar a questão, como
bradou certo jornalista de uma televisão brasileira, nem é fugir ao
compromisso ético de respeito aos povos e à sua liberdade religiosa e
cultural. A ministra da justiça da França disse, desarvoradamente, que,
na França, todos podem opinar ao bel-prazer em qualquer tipo de matéria
seja ela religiosa, cultural e de toda índole, porque naquele país são
livres até para desrespeitar o senso comum da verdade, da justiça e da
paz, pilares da democracia. A igualdade, fraternidade e liberdade,
conforme os próprios e genuínos franceses e pensadores dos tempos
passados, são bandeira de revolução para o bem da humanidade e não para
destruir os caminhos que a democracia já venceu ou batalha até hoje.
Muito teremos que empreender para ver
acontecer a tão esperada fraternidade universal e muito temos a
contribuir para traduzir os anseios de paz de que tanto se necessita. Já
era para os seres humanos terem aprendido o respeito ao outro, a
alteridade e a capacidade de somar esforços para que todos tenham lugar
ao sol da vida. A liberdade de expressão pode colaborar e muito para com
a construção de um mundo melhor, fomentando ideais e projetos em favor
da vida e do planeta; mas não pode ser subterfúgio nocivo à liberdade
humana de viver e de ser diferente na religião, na política e na arte
de conviver. Temos muito ainda a aprender e a edificar na sociedade
atual e nos seus quase infinitos modos de ser.
Pe. Paulo Barbosa
Pároco na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Congonhas e
Diretor do Departamento Arquidiocesano de Comunicação
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