segunda-feira, 2 de junho de 2014

"ACASO CRISTO ESTÁ DIVIDIDO?"

Padre José Antônio de Oliveira

Mais uma vez somos convidados a refletir, orar e assumir atitudes em favor da unidade. A Igreja cristã carrega em si um incalculável potencial de vida, de transformação, de salvação. Mas perde muita energia com a sua fragmentação. As divisões enfraquecem. E ferem o grande desejo de nosso fundador e Senhor: “Que todos sejam um”. Paulo Apóstolo questiona: “Cristo está dividido?”.
Não vamos cair na ingenuidade de buscar a uniformidade de um pensamento. A diversidade é riqueza e beleza. Mas o amor, a unidade, o respeito, o diálogo, a parceria, isso faz parte da essência da nossa fé. E é dentro desse clima que queremos recordar com vocês as bem-aventuranças do ecumenismo, propostas pelo Conselho de Igrejas Cristãs:
1. Bem-aventuradas as pessoas que amam a sua Igreja.Quem ama de fato a sua Igreja, vai compreender melhor o amor que os outros têm à própria Igreja ou religião. E quem está seguro do que crê e do que quer não tem medo de dialogar.
2. Bem-aventuradas as pessoas que sabem dizer quem são sem desvalorizar o outro. Jesus pede que o anunciemos. Mas, para isso, não precisamos apontar defeitos dos outros e nem ocultar as diferenças entre nós. Podemos anunciar e testemunhar sem arrogância.
3. Bem-aventuradas as pessoas que sabem ouvir e conhecer as outras Igrejas. Precisamos ouvir a história dos outros a partir deles próprios e da sua ótica, não pelo que disseram os ‘nossos’, evitando rotular. Valorizar as pessoas pelo que são, sem preconceitos.
4. Bem-aventuradas as pessoas de Igrejas diferentes que trabalham juntas por um mundo melhor. Diante do sofrimento, da miséria, da fome, das injustiças, não dá para ficar escolhendo com quem trabalhar. Na defesa dos Direitos Humanos, na luta pela justiça, na promoção da paz, o que conta é a linguagem universal da solidariedade. “Quem não está contra nós, está a nosso favor” (Mc 9,40).
5. Bem-aventuradas as pessoas que partilham dons e recursos na evangelização. Por que não valorizar e utilizar recursos, conteúdos, métodos, experiência de outros? Sempre poderemos aprender com outras Igrejas. O Espírito não é exclusividade de um grupo.
6. Bem-aventuradas as pessoas que sabem curar as feridas. É preciso evitar todo tipo de agressão, de violência, de vingança. Exercitar o perdão e o diálogo. O amor cura.
7. Bem-aventuradas as pessoas que ensinam as crianças e jovens na espiritualidade da reconciliação ecumênica. Ecumenismo “não é uma espécie de apêndice da atividade da Igreja, mas pertence organicamente à sua vida e ação” (Ut Unum Sint, 20). Precisamos ver e tratar outras Igrejas como irmãs. Isso não significa “engolir qualquer coisa, desde que venha com o rótulo de cristão”. Em nome de Deus, há muito abuso, manipulação, charlatanismo, de todos os lados. É necessário “discernir o que de fato é bom, a partir dos critérios do Reino de Deus”. Evitar também todo tipo de generalização. Em todas as religiões e Igrejas há muita gente santa.
8. Bem-aventuradas as pessoas que veem na diversidade uma riqueza. Nunca irá existir uniformidade, porque as pessoas são essencialmente diferentes. Embora a divisão entre as Igrejas seja uma chaga e um escândalo, há também aí um aspecto positivo: a possibilidade de cada pessoa e cada Igreja “ir descobrindo novas maneiras de viver e expressar o inesgotável mistério cristão”.
9. Bem-aventuradas as pessoas que vivem a alegria da oração ecumênica. Em tudo, jamais poderá faltar a oração. Dificilmente uma pessoa ou comunidade marcadas pela oração irão se deixar levar por sentimentos anticristãos. É preciso deixar que o Espírito aja em nós.
10. Bem-aventuradas as pessoas que cultivam as qualidades necessárias à vida ecumênica. Nada se consegue por imposição, autoritarismo, pela força. O diálogo aberto e respeitoso nos ajuda a quebrar arestas e aprofundar a unidade em torno daquilo que é essencial.
Deus, por meio do profeta Jeremias (1,10), nos lembra que, para construir e plantar, primeiro é preciso tirar terra e limpar o terreno. Para plantar o diálogo amoroso, primeiro precisamos arrancar posturas arrogantes de donos da verdade e todo preconceito. O Reino e a causa da vida são muito maiores e importantes que nossas diferenças. 
No essencial unidade; no secundário, liberdade; em tudo caridade!” (Santo Agostinho)



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