Junho/2014:
Promover a liderança e a formação dos jovens
Brasília, 1º de Junho de 2014.
Caros párocos e demais responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil.
“… sobre esta pedra construirei a minha Igreja.”
(Mt 16, 18)
No dia 29, festejamos São Pedro e São Paulo. Sobre os apóstolos, a
partir deles e com eles, Jesus Cristo construiu sua Igreja, “semente do
Reino”, continuadora da sua obra. O desafio é grande, mas eles sabem que
não estão sós! A Santíssima Trindade está na base de tudo (dia 15), o
Espírito Santo conta com eles e lhes garante a força da unidade (dia 8),
o Corpo Eucarístico de Cristo é alimento dos céus a estes operários da
messe (dia 19), o Coração de Jesus (dia 27) é a fonte do amor
missionário de serviço ao próximo.
Sustentada pela graça divina, a Igreja se estrutura para favorecer a
comunhão, a capacitação e a missão dos discípulos do Senhor. As
limitações individuais e as dificuldades de relacionamento dos primeiros
seguidores do Mestre não o impediram de apostar no processo de
amadurecimento de todos para a missão confiada. Aquela pequena estrutura
criada garantiu a alegria da convivência, o desenvolvimento dos dons de
cada um, o diálogo entre si, a corresponsabilidade das ações, a
valorização do protagonismo daqueles homens, tornando-os verdadeiros
apóstolos, profetas, mártires, líderes.
Acreditamos, ainda hoje, que as estruturas eclesiais com suas
respectivas organizações são espaços privilegiados de formação,
ambientes propícios de fortalecimento dos sujeitos da evangelização.
São, também, para os jovens: casas e escolas de liderança, celeiros de
vocações, formadoras de cidadãos comprometidos com a transformação da
realidade. Qualificar nossas estruturas com esta finalidade se torna,
portanto, fundamental na evangelização da juventude. Mais do que
qualquer outro grupo, as novas gerações têm o direito de encontrar em
nossos espaços eclesiais condições favoráveis para seu desenvolvimento!
Por isso, devemos sempre nos perguntar: “estamos formando líderes a
partir de nossas estruturas, confiando aos jovens responsabilidades que
os valorizem em seu protagonismo? Acreditamos em sua capacidade de
coordenação, atuação, crítica construtiva, administração?”.
Ao refletir sobre o legado da JMJ para o amadurecimento do jovem
líder em nossos meios, o Encontro de Revitalização da Pastoral Juvenil
no Brasil, acontecido em dezembro passado à luz do Documento 85 da CNBB,
destacou a 5ª. Linha de Ação – ESTRUTURAS DE ACOMPANHAMENTO – como uma de suas urgências pastorais. E definiu, assim, para os próximos anos, as duas PISTAS DE AÇÃO:
1º. estimular os responsáveis pelo
acompanhamento da pastoral juvenil a estudar os materiais existentes
sobre juventude, por meio de Escolas de Formação;
2º. organizar e articular o Setor Juventude,
conforme o documento “Evangelização da Juventude”, com clareza de
objetivos e funções, respeitando e promovendo as diversas expressões e o
protagonismo juvenil.
A primeira pista destaca a urgência de os responsáveis da juventude
capacitarem-se tecnicamente para utilizar melhor as estruturas como
instrumento de formação de liderança, com novas formas de envolvimento
dos jovens no contexto eclesial, favorecendo-lhes condições para seu
crescimento como cristão e cidadão. A segunda pista, a mais votada,
recorda a urgência de organizar bem o Setor Diocesano da Juventude,
tornando-o espaço de comunhão das diversas expressões e serviços
juvenis, a partir das adequadas orientações do Documento 85 da CNBB.
Estamos convictos do valor da vida em grupo! Por isso nos
perguntamos se em todas as Comunidades pertencentes às nossas Paróquias
há, no mínimo, um grupo de jovens. E será que as estruturas grupais
contribuem, realmente, para a formação integral dos jovens? Nossos
grupos possuem programação consistente e acompanhamento qualificado?
Constata-se, também, que muitos jovens têm amadurecido a consciência
de sua corresponsabilidade na vida da Igreja. Mas será que estamos
respondendo às suas expectativas e buscas e garantindo ambientes
adequados para recebê-los?
Eis algumas sugestões para potencializar nossas estruturas a fim de
acolher os jovens no seu amadurecimento para o exercício de sua
liderança na Igreja e na sociedade:
1) fazer um levantamento dos espaços paroquias próprios para a juventude e averiguar se eles são realmente suficientes, atraentes e formativos;
2) incentivar grupos juvenis variados (teatro, esporte,
dança, serviços sociais, bandas, redes sociais, etc) e investir neles,
garantindo, ao menos, um grupo de jovens em cada uma das Comunidades
pertencentes à Paróquia;
3) reunir os principais líderes jovens da paróquia e, a partir deles, descobrir novas formas de atrair, reunir, envolver e capacitar os jovens sob a força de seu protagonismo;
4) rever a proposta pedagógica da Catequese de Crisma em vista de oferecer estratégias de organização de grupos de jovens, antes de receberem o Sacramento da Confirmação;
5) capacitar o coordenador de grupo para dinamizar melhor as reuniões, tornando-as consistentes e cativantes;
6) convidar líderes jovens para participar das instâncias paroquiais de reflexão e decisões, principalmente no Conselho Paroquial/Comunitário de Pastoral;
7) organizar momentos de “escuta dos jovens”, fazendo com que os adultos se abram mais para as suas preocupações, sonhos, sugestões, críticas, observações, etc.;
8) formar os jovens a partir de ações missionárias, trabalhos voluntários, serviços à Igreja e à Sociedade;
9) solicitar aos jovens, no exercício de seu protagonismo,
sugestões em vista de qualificar a evangelização da juventude tendo em
conta a cultura midiática e as redes sociais;
10) organizar, a partir do protagonismo juvenil, um encontro anual de todos os adolescentes e jovens envolvidos nos diversos grupos paroquiais.
Em época de Copa do Mundo, constatamos inúmeras estruturas sendo
organizadas para a sua realização. Quanto mais se acredita em algo, mais
se investe nele! Aprendamos a investir mais nas estruturas eclesiais
favoráveis aos jovens na sua busca de vitória na vida. Jovens
entusiasmados por Jesus Cristo e pela missão de sua Igreja tornam-se
verdadeiros evangelizadores, protagonistas de um novo tempo,
construtores da Civilização do Amor, profetas da paz.
Que o Sagrado Coração de Jesus (dia 27) e o Imaculado Coração de
Maria (dia 28) nos ensinem a amar profundamente os jovens; e que este
amor afetivo se transforme, cada vez mais, em amor efetivo estrutural a
favor de sua vida e vocação.
Dom Eduardo Pinheiro da Silva, sdb
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral
para a Juventude da CNBB
Fonte: http://www.jovensconectados.org.br/junho2014-promover-a-lideranca-e-a-formacao-dos-jovens.html
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